terça-feira, 17 de março de 2009

MORIN, E. Cultura de massas no século XX. (O espírito do tempo). São Paulo: Forense, 1969.

Fichamento 06

Universidade Federal de Minas Gerais

Comunicação Social / 2º Período

 

Nome: Thiago Martins Lopes de Faria

Disciplina: Teoria da Comunicação

Professora: Vera França

 


MORIN, E. Cultura de massas no século XX. (O espírito do tempo). São Paulo: Forense, 1969.

 

1.           Um Terceiro Problema

 

·              A segunda industrialização, ou seja, a industrialização do espírito se desenvolveu no início do século XX. A cultura e a vida privada entraram como nunca no circuito industrial e comercial.

·              Após da Segunda Guerra Mundial a sociologia americana reconhece Terceira Cultura, vinda da imprensa, do cinema, do rádio, da televisão, denominada mass culture, ou seja, cultura de massa.

·              A cultura de massa é produzida de acordo com as normas da fabricação industrial, e é propagada pelas técnicas de difusão maciça, ou seja, pela mass media, destinada à massa social.

·              Além de serem consideradas industriais e maciças, as sociedades modernas são técnicas, burocráticas, capitalistas, de classes, individualistas e burguesas. A noção de massa é, a princípio, muito limitada.

·              Já a noção de cultura parece ser bem mais extensa.

·              Há de um lado a “cultura” que define as qualidades especificamente “humanas” e, do outro lado, há a “cultura” mais particular que varia de acordo com a época e a sociedade.

·              “... uma cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as emoções”.(p. 15)

·              As sociedades modernas têm muitas culturas, ou seja, são “policulturais”. Focos culturais de diversas naturezas estão em atividade, como: religião, Estado nacional, etc.

·              A cultura de massa é integrada numa realidade policultural.

·              Ela nasceu no EUA e se difundiu na Europa Ocidental. Certos elementos foram espalhados no mundo inteiro.

 

Crítica intelectual ou crítica dos intelectuais

 

·              Os intelectuais de direita costumam afirmar que a cultura de massa é apenas um “barbarismo plebeu”, já os de esquerda pensam que ela é o “novo ópio do povo”, pois o desvia de seus reais problemas.

·              A cultura de massa é chamada de kitsch nos EUA por ser considerada uma mercadoria cultural feia e ordinária.

·              Não são os intelectuais que criam essa cultura, mas eles são empregados pela indústria cultural.

·              A indústria cultural visa o lucro e a reação dos intelectuais é ir contra o imperialismo do capital. O caráter industrial e de consumação diária determinam os produtos culturais, sem que possam ter autonomia estética.

·              Entretanto, é preciso saber se o “culto da arte” também não esconde, na verdade, um comércio superficial com as obras.

·              No momento em que a “alta cultura” parece mais oposta à “cultura de massa” é que elas se reúnem. A primeira por causa de seu aristocratismo vulgar, e a segunda pela sua vulgaridade que quer reputação.

·              Na nova cultura, estão em jogo as camadas sociais da sociedade e da civilização. As pessoas são remetidas ao complexo global.

 

Método

 

·              O método de acesso se define em autocrítico e da totalidade.

·              “O verdadeiro conhecimento dialetiza sem cessar a relação observador-observado, ‘subtraindo’ e ‘acrescentando’. [...] É preciso seguir a cultura de massa no seu perpétuo movimento da técnica à alma humana, da alma humana à técnica [...]”. (p. 21).

 

2.           A Indústria Cultural

 

·              A indústria cultural se tornou possível graças às inovações técnicas. As artes técnicas são desenvolvidas por meio e para alcançar o lucro.

·              A indústria cultural se desenvolve tanto no Estado quanto na iniciativa privada.

 

Dois sistemas

 

·              Tanto no Estado socialista quanto no capitalista há, no mínimo, alguma intervenção dele nas produções culturais.

·              Há igual preocupação em alcançar o maior público no sistema privado (que visa o lucro) e no do Estado (que tem interesses políticos e ideológicos).

 

Produção-Criação: o modelo burocrático-industrial

 

·              Mesmo com as diferenças culturais, há concentração da indústria cultural.

·              A indústria cultural está organizada segundo o modelo de concentração técnica e econômica. Corresponde à concentração técnica uma concentração burocrática.

·              Nos sistemas do Estado e privado, o “poder cultural” é pressionado entre o poder burocrático e o técnico.

·              Essa concentração técnico-burocrática tende a despersonalizar a produção cultural. Apesar disso, tal tendência entra em choque com a exigência de produtos individualizados e sempre novos.

·              Dessa forma, a indústria cultural necessita de unidades individualizadas. Mesmo dentro de uma receita-padrão, os filmes, por exemplo, devem ter a sua unicidade.

·              A indústria cultural padroniza temas romanescos, fazendo clichês, com a condição de que cada produto tenha sua individualidade.

·              A produção cultural não pode ser inserida completamente no sistema de produção industrial.

·              O equilíbrio entre concentração e descentralização, e concentração e concorrência, é estabelecido e modificado por causa de muitos fatores.

·              O sistema, sempre que é forçado, tende a voltar ao clima de concorrência do capitalismo anterior, da mesma forma que se deixa penetrar por “remédios” contra o burocratismo.

·              O equilíbrio entre as forças burocráticas e antiburocráticas depende do próprio produto. A imprensa é considerada mais burocratizada do que o cinema porque os acontecimentos já lhe conferem certa originalidade.

·              Os filmes devem, além de encontrar seu público, fazer uma junção do padrão e do original.

·              A dinâmica da cultura de massa é dada pela contradição entre invenção e padronização.

 

Produção e Criação: a criação industrializada

 

·              Há a tendência da criação virar produção.

·              O antigo coletivismo do trabalho artístico é ressuscitado pelas novas artes da cultura industrial. Assim como a manufatura faz surgir o trabalho artesanal, a divisão industrial do trabalho faz surgir a unidade de criação artística.

·              Um aspecto da racionalização que chama o sistema industrial é a divisão do trabalho tornado coletivo. Tal racionalização corresponde à padronização.

·              A divisão do trabalho não é inconciliável com a individualização da obra.

·              A padronização não causa, necessariamente, a desindividualização. Ela pode ser comparada às “regras” clássicas da arte.

·              Dessa forma, nem a divisão do trabalho nem a padronização são problemas para a individualização da obra. Na verdade, elas, ao mesmo tempo, sufocam e aumentam essa individualização.

·              A dialética entre padronização e individuação tende a criar um termo médio.

·              Um fator que superindividualiza o filme é a presença de uma vedete (personalidade padronizada e individualizada ao mesmo tempo).

·              Através de altos salários, a indústria cultural atrai e prende jornalistas e escritores de talento, porém ela faz frutificar apenas a parte do talento conciliável com os padrões.

·              Dessa maneira, o autor já não se identifica com sua obra. Pode-se fazer uma analogia com o operário industrial que se aliena, porém o autor é muito bem pago.

·              Isso explica o anticapitalismo que tem surgido entre os roteiristas mais bem pagos do mundo.

3.     O Grande Público

 

·              A lógica da produção de massa é a do máximo consumo. A indústria cultural também é assim e, nos seus setores mais dinâmicos, ela tende ao público universal.

·              “A procura de um público variado implica a procura de variedade na informação ou no imaginário; e a procura de um grande público implica a procura de um denominador comum”.(p. 35)

·              Essa variedade é homogeneizada de acordo com normas comuns.

·              O objetivo da homogeneização é tornar assimiláveis os mais diversos conteúdos ao homem médio ideal.A melhor palavra para expressar a tendência a homogeneizar sob um denominador comum a diversidade de conteúdos é sincretismo.

·              Este tende a unificar o setor da informação e o romanesco.

·              O sincretismo busca o máximo consumo e dá à cultura de massa uma de suas características fundamentais.

 

O novo público

 

·              As barreiras das classes sociais, faixa etária, nível educacional limitavam as zonas respectivas de cultura no início do século XX.

·              Com a cultura de massa, novas estratificações foram formadas, mas essas não devem mascarar o seu dinamismo fundamental.

·              A homogeneização da produção é prolongada em homogeneização do consumo, o qual tende a diminuir as barreiras entre idades.

·              A nota dominante na qual a homogeneização das idades tende a se fixar é a juvenil.

·              Apesar de ter desenvolvido uma imprensa feminina, não foi desenvolvida na cultura de massa, com algumas exceções, uma imprensa exclusivamente masculina.

·              Há uma tendência à mistura de conteúdos femininos e masculinos, mas com uma dominância feminina.

·              No mercado das mass media, as fronteiras culturais são abolidas. São recriadas outras estratificações no interior da nova cultura. Essa diferenciação, porém, não é a mesma das classes sociais.

·              “[...] a cultura industrial é o único grande terreno de comunicação entre as classes sociais [...]”. (p. 41)

·              A camada salariada não é homogeneizada apenas pelo estatuto salarial, mas pela identidade dos valores de consumo, a qual caracteriza a cultura de massa.

·              A nova cultura é inscrita na nova sociedade feita pela economia capitalista, a democratização do consumo, criação e desenvolvimento do novo salariado e a progressão de novos valores.

·              A homogeneização tende a tornar mais fracas as diferenciações culturais nacionais em prol de uma cultura das grandes áreas transnacionais.

·              A cultura industrial costuma adaptar temas folclóricos locais transformando-os em cosmopolitas. Ao mesmo tempo em que ela favorece os sincretismos culturais, ela favorece também os temas adaptados a um denominador comum da humanidade (temas antropológicos).

·              Surgiu nos EUA a cultura de massa e de lá ela se irradia para todo o mundo, desenvolvendo-se, portanto, no plano do mercado mundial.

 

O homem médio

 

·              O homem médio pode ser considerado como aquele puro e simples no sentido de que se trata de um homem “imaginário”, do homem-criança, encontrado em todo homem, e de um homem que tem um tronco comum de razão perceptiva, de inteligência e decifração.

·              Dessa maneira, o homem médio é um “anthropos” universal, o qual é adaptado à linguagem áudio-visual.

·              A cultura de massa revela e desperta uma universalidade primeira, porém ela também cria uma nova universalidade partindo de elementos culturais que são particulares da civilização moderna.

 

O consumo cultural

 

·              Ao mesmo tempo em que a produção cultural cria o público de massa, ela redescobre um tronco humano comum a esse público.

·              No mundo capitalista, a cultura de massa depende da indústria e do comércio, se sujeitando a tabus, porém não os criando.

·              A cultura de massa é o resultado de um diálogo desigual entre uma produção e um consumo.

·              O consumidor não responde, apenas escolhe o que vê e o que ouve.

·              “A cultura de massa é, portanto, o produto de uma dialética produção-consumo, no centro de uma dialética global que é a da sociedade em sua totalidade”.(p. 47)

 

 

 

 

 

 

 

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