terça-feira, 17 de março de 2009

ESCOTEGUY, Ana C. Estudos Culturais: uma introdução. In: ______ SILVA, Tomaz T. (org.). O que é, afinal, estudos culturais? Belo Horizonte: Autêntica,

Fichamento 07

Universidade Federal de Minas Gerais

Comunicação Social / 2º Período

 

Nome: Thiago Martins Lopes de Faria

Disciplina: Teoria da Comunicação

Professora: Vera França

 


ESCOTEGUY, Ana C. Estudos Culturais: uma introdução. In: ______ SILVA, Tomaz T. (org.). O que é, afinal, estudos culturais? Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

 

·        Os Estudos Culturais foram uma invenção britânica, mas transformaram-se em um fenômeno internacional.

·        Isso não significa que estes são um conjunto fixo de conceitos que podem ser levados para vários lugares e operados semelhantemente em regiões diversas.

·        O surgimento deste movimento teórico-político foi marcado pelas particularidades do contexto histórico britânico.

·        Os Estudos Culturais devem ser vistos do ponto de vista político e teórico.

·        Os Estudos Culturais são considerados sinônimos de “correção política”, no ponto de vista político, e podem ser vistos como a política cultural dos diversos movimentos sociais do contexto da sua origem.

·        No ponto de vista teórico, propõe a interdisciplinaridade por causa da insatisfação com os limites de certas disciplinas.

·        “É um campo de estudos onde diversas disciplinas se intersecionam no estudo de aspectos culturais da sociedade contemporânea.” (p. 137)

·        Os fundadores dos Estudos Culturais tentaram não propagar uma definição rígida de seus estudos na fase inicial destes.

·        Por meio do “Centre for Contemporary Culture Studies – CCCS” surgiu esse campo de estudos. O Centro foi fundado por Richard Hoggart em 1964.

·        O eixo principal de pesquisa desses estudos é as relações entre a cultura contemporânea e a sociedade.

·        A pesquisa feita por Hoggart foi realizada por meio da metodologia qualitativa e teve foco nos materiais culturais da cultura popular e dos mass media. Este trabalho revela que há também resistência no âmbito popular, além de submissão.

·        Williams contribuiu bastante para a teoria dos Estudos Culturais a partir de Culture and Society. Com uma maneira diferente de olhar a história literária, ele mostra que a cultura é uma “categoria-chave” que liga a análise literária à investigação social. Em seu livro The long revolution (1962), ele revela um certo pessimismo em relação à cultura popular e os meios de comunicação de massa.

·        Dentro da visão marxista, Thompson influencia o desenvolvimento da história social britânica.

·        A cultura, para William e Thompson, era um conjunto de práticas e relações que constituem a vida cotidiana na qual a função dos indivíduos estaria em primeiro lugar.

·        Thompson preferia compreender a cultura como uma luta entre deferentes modos de vida.

·        Stuart Hall, de 1969 a 1979, ao substituir Hoggart no Centro, deu incentivos ao desenvolvimento de estudos etnográficos, análises dos meios de massa e estudos de práticas de resistência em subculturas.

·        Algumas pessoas consideram que os Estudos Culturais tiveram uma proposta original mais política do que analítica.

·        A história desses estudos está interligada com a trajetória da New Left, de alguns movimentos sociais e de publicações que responderam politicamente à esquerda.

·        Após 1968, os Estudos Culturais se tornaram a energia principal da cultura intelectual esquerdista, tendo, portanto, uma repercussão além da Inglaterra.

 

OS DESLOCAMENTOS NECESSÁRIOS

 

·        A preocupação dos Estudos Culturais foi principalmente com os produtos da cultura popular e dos mass media que mostravam os caminhos da cultura contemporânea.

·        Deixaram de lado o funcionalismo estrutural dos EUA, pois este não compreendia as propostas. Foram recuperados aspectos da fenomenologia, da etnometodologia e do interacionismo simbólico.

·        O trabalho qualitativo recebeu maior ênfase sob o ponto de vista mercadológico. Esse trabalho influenciou bastante nos Estudos Culturais.

·        “O estudo etnográfico acentua a importância dos modos pelos quais os autores sociais definem, por si mesmos, as condições em que vivem”. (p. 143)

·        Por causa do aumento da dimensão do significado de cultura, toda produção de sentido é colocada em foco. A atenção para com as estruturas sociais e o contexto histórico é o ponto inicial para o entendimento da ação dos meios de massa e o deslocamento da significação da cultura para o cotidiano.

·        O primeiro deslocamento, portanto, modifica o sentido de cultura. Em primeiro lugar, o movimento segue a direção de uma definição “antropológica” de cultura e em segundo, vai para uma definição mais histórica.

·        A cultura recebe dos Estudos Culturais uma função que não é explicada totalmente pela economia.

·        Os Estudos Culturais receberam a contribuição do marxismo no sentido de entender a cultura como algo independente das relações econômicas (“autonomia relativa”), mas que sofre influências das relações político-econômicas.

·        O segundo deslocamento é considerado como sendo a relação entre a cultura e outras práticas, como a economia, a política e a ideologia.

·        O conceito de ideologia é muito importante no que diz respeito a esse campo. A ideologia é tida como fornecedora de “estruturas de entendimento” que fazem com que os indivíduos possam conhecer, interpretar, dar sentido e ter experiências com as condições materiais em que eles vivem.

·        A ideologia deve ser vista tanto no campo da linguagem, como também nas suas formas materiais.

·        Na primeira etapa dos Estudos Culturais, a pesquisa estava restrita às subculturas, condutas desviantes, sociabilidades operárias, escola, música e linguagem.

·        Os Estudos Culturais consideram os produtos culturais como agentes da reprodução social que acentuam a natureza complexa, dinâmica e ativa na construção da hegemonia da sociedade. Esses estudos não pensam nos meios de comunicação de massa como meros manipuladores e como formas de controle da classe dominante.

·        Dessa forma, são estudadas estruturas e processos pelos quais os meios de comunicação de massa reproduzem estabilidade cultural e social. Esse processo ocorre pela adaptação às pressões e controvérsias da sociedade e pela inclusão destas no sistema cultural.

·        A teoria da hegemonia, de Antonio Gramsci, “pressupõe a conquista do consentimento”. (p.147) A formação da direção política da sociedade dá a entender complexas interações entre as culturas popular e hegemônica.

·        Dessa forma, não existe conflito entre bipolar entre as culturas, pois há interseções e transações entre elas, ocorrendo um jogo de intercâmbios entre ambas.

·        O Centro de Birmingham pode ser visto como o foco de uma plataforma formada por várias teorias, como o agente responsável pela abertura a problemáticas que não haviam sido consideradas e como divulgador de estudos bastante heterogêneos.

·        A partir do final dos anos 70, com a internacionalização dos Estudos Culturais, escasseiam-se as análises nas quais os focos eram a “luta” e a “resistência” e, de acordo com alguns analistas, inicia-se a despolitização destes estudos.

 

CONTORNOS DA ATUALIDADE 

 

·        É importante perceber as diferenças entre os “primeiros” Estudos Culturais e os da década de 90.

·        No início havia uma grande relação com iniciativas políticas com o intuito de compartilhar um projeto político. Nos anos 90, essa preocupação política diminui bastante, o sentimento de estar analisando algo “novo” acaba, mas há uma continuidade dos Estudos Culturais, ainda que dividida.

·        Há algumas modificações nos estudos Culturais, durante sua trajetória, no que diz respeito à relação entre cultura e comunicação de massa.

·        A recepção e densidade do consumo midiático começa a chamar a atenção dos pesquisadores no fim dos anos 60.

·        “Através de categorias da semiologia articuladas a uma noção marxista de ideologia, Hall insiste na pluralidade, socialmente determinada, das modalidades de recepção dos programas televisivos”. (p.151)

·        Ele afirma que há três posições diferentes de interpretação da mensagem: “dominante” ou “preferencial”, “negociada” e de “oposição”.

·        A preocupação com o instante da recepção mantém-se fundamental com relação ao retorno ao sujeito, a subjetividade e a intersubjetividade, e à integração de novas relações de poder.

·        Nos anos 70, dessa maneira, há o encontro com os estudos Feministas, que fizeram questionamentos relacionados à identidade. Depois, questões relacionadas à raça e etnia foram incluídas.

·        Nos anos 80, são definidos novos modos de analisar os meios de comunicação, como os estudos de recepção dos meios, principalmente televisiva. Há também uma ênfase crescente ao trabalho etnográfico.

·        Nessa época as pesquisas empíricas são mais voltadas para a importância do ambiente doméstico e das relações familiares.

·        Enquanto no início dos Estudos Culturais havia uma preocupação em entender as relações entre poder, ideologia e resistência, nos anos 90, o enfoque era dado para a recuperação das “leituras negociadas” dos receptores e isso fez com que houvesse uma valorização maior da liberdade individual e subvalorização dos efeitos de ordem social.

·        O conceito de “classe” deixou de ser o foco principal dos Estudos Culturais e passou a ser uma “variável” entre várias.

·        O foco se deslocou para questões de subjetividade e identidade e para textos culturais e midiáticos. Além destes enfoques, há vários outros aspectos importantes englobados pelos Estudos Culturais na atualidade, como pós-modernidade, globalização, a força das migrações, e a função do Estado e da cultura na formação das identidades.

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