Fichamento
Universidade Federal de Minas Gerais
Comunicação Social / 2º Período
Nome: Thiago Martins Lopes de Faria
Disciplina: Teoria da Comunicação
Professora: Vera França
HALL, S. Codificar/Decodificar. In: ______ . Da diáspora. Identidades e mediações culturais.Belo Horizonte: Ed. Da UFMG, 2003.
· O modelo linear do processo comunicativo tem sido criticado por sua linearidade, sua concentração no nível de troca de mensagens e falta de uma concepção dos estruturada dos diferentes momentos.
· É útil pensar nesse processo como “complexa estrutura em dominância” sustentada por momentos diferentes articulados e interligados, mas que permanecem com suas especificidades.
· “O ‘objeto’ de tais práticas é composto por significados e mensagens sob a forma de signos-veículo de um tipo específico, organizados, como qualquer forma de comunicação ou linguagem, pela operação de códigos dentro da corrente sintagmática de um discurso”. (p. 387- 388)
· O processo e a produção necessitam de meios materiais e de seus próprios conjuntos de relações sociais.
· A circulação do produto e a distribuição para diversas audiências se efetuam pela forma discursiva. Para que o circuito se complete e cause efeito, o discurso deve ser traduzido em práticas sociais.
· O valor de tal abordagem é que nenhum dos momentos é capaz de suprir a “falta” do outro com o qual está articulado e cada momento é necessário ao circuito como um todo.
· É importante reconhecer que a forma discursiva da mensagem tem, dentro da troca comunicativa, uma posição de privilégio e que os momentos de “codificação” e “decodificação” são momentos determinados, apesar de serem relativamente autônomos.
· A “forma-mensagem” (momento determinado) é necessária à forma aparente do acontecimento no processo de passagem da fonte para o receptor.
· Para produzir um programa televisivo, são necessárias as estruturas institucionais de radiodifusão.
· A produção fabrica a mensagem. O processo de produção se constitui dentro de um conjunto de idéias e sentidos.
· Circulação e recepção são momentos da produção televisiva e são reincorporados por meio de feedbacks indiretos e estruturados neste processo produtivo. A própria recepção é um “momento” do processo de produção.
· Para que o produto seja concretizado, as relações de produção institucionais e sociais têm que ser submetidas à regras discursivas da linguagem. O conjunto de significados decodificados tem um grande efeito com conseqüências muito complexas.
· As práticas de recepção e “utilização” da audiência não devem ser consideradas em termos simplesmente comportamentais.
· As “estruturas de significado 1” (presentes na codificação) podem ser diferentes das “estruturas de significado 2” (presentes na decodificação). Não é necessária simetria entre perfeita os códigos de codificação e decodificação.
· Os graus de compreensão ou de falta dela (simetria/assimetria) no processo comunicativo dependem dos graus de simetria entre codificador-produtor e do decodificador-receptor.
· Isso depende dos graus de identidade/ não-identidade entre os códigos que transmitem perfeitamente ou não o que está sendo passado. A inadequação entre códigos tem relação com as diferenças estruturais de relação e posição entre transmissores e audiência, e também com a assimetria entre “fonte” e “receptor”.
· Esse paradigma transformou o entendimento do termo “conteúdo” da TV e começou a modificar o da recepção da audiência, sua leitura e sua resposta.
· “Em ambas as pontas da cadeia comunicativa o uso do paradigma semiótico promete dissipar o persistente behaviorismo que tem perseguido a pesquisa dos mass media por tanto tempo, sobretudo na sua abordagem de conteúdo”. (p. 392)
· O signo televisivo é complexo, pois engloba dois tipos de discurso: visual e auditivo. Além disso, ela possui certas propriedades daquilo que ela representa, pois a realidade é constantemente mediada pela linguagem ou por meio dela.
· O “conhecimento” discursivo é o produto da linguagem em condições reais. Não existe ausência de grau em linguagem.
· Naturalismo e “realismo” são o resultado de uma prática discursiva.
· Alguns códigos aparentam ter sido concebidos “naturalmente” por serem amplamente distribuídos em certas culturas e por terem sido aprendidos muito cedo.
· A operação de códigos naturalizados revela a profundidade, o caráter habitual e a quase universalidade dos códigos usados. O efeito produzido disso é encobrir as práticas de codificação presentes.
· Os códigos naturalizados mostram, na verdade, o grau de familiaridade entre codificador e decodificador.
· A teoria lingüística emprega muitas vezes a distinção entre “conotação” (relativa aos sentidos menos fixos) e “denotação” (relacionada aos sentidos literais da realidade).
· A distinção de Stuart Hall é apenas analítica, mas ela não deve ser confundida com as distinções do mundo real. Em um certo discurso, a maioria dos signos irá combinar os aspectos conotativos e denotativos.
· Essa distinção é mantida porque os signos aparentam ganhar seu valor ideológico pleno no nível dos sentidos “associativos” (conotação). Dessa forma, é no nível da conotação do signo que a significação é alterada e transformada pelas ideologias.
· Isso não quer dizer que a denotação está fora da ideologia.
· A quantidade de conotação do signo visual é exatamente onde os signos já codificados se intersecionam com os códigos semânticos profundos de uma cultura.Todo signo, na publicidade, conota alguma qualidade, situação, valor ou interferência.
· Os códigos remetem os signos a “mapas de sentido” onde qualquer cultura é classificada.
· De acordo com Barthes, os níveis conotativos têm uma ligação forte com a cultura e, por meio deles que o meio ambiente invade o sistema lingüístico e semântico.
· Certos códigos “fechados” e complexos fixam o nível denotativo. Já o nível conotativo é mais aberto e é objeto de transformações mais ativas, as quais exploram seus valores polissêmicos.
· A polissemia, porém, não é o mesmo que pluralismo. Há a tendência de toda sociedade ou cultura impor suas classificações (que constituem uma ordem cultural dominante) do universo cultural, político e social.
· “As diferentes áreas da vida social parecem ser dispostas dentro de domínios discursivos hierarquicamente organizados através de sentidos dominantes ou preferenciais”.(p. 396)
· Diz-se dominante, e não determinado, porque há sempre a possibilidade de classificar, decodificar, colocar em ordem algum acontecimento dentro de mais de um “mapeamento”. Além disso, porque há um padrão de “leituras preferenciais”. Nos “sentidos preferenciais” há toda a ordem social embutida, enquanto conjunto de significados, práticas e crenças.
· Pelo fato de os mapas serem “estruturados em dominância” e não fechados, o processo comunicativo consiste em regras de competência e uso (performativas), de lógica aplicada.
· Sentidos dominantes não se referem a um processo de sentido único, que rege a maneira como serão significados os acontecimentos. Esses sentidos dominantes são um processo que exige a decodificação do evento de sentido conotativo.
· A discordância existente é relacionada à “capacidade subjetiva”, como se o discurso televisivo fosse um fato objetivo, mas a interpretação fosse particular e individual. O que acontece parece ser o contrário.
· Tal fato leva à questão dos mal-entendidos. Vários produtores tentam eliminar falhas nos processos comunicativos por pensarem que a mensagem não foi bem passada. Dessa forma, eles pensam que os telespectadores não estão desempenhando o papel dentro do código “dominante”. O ideal desses produtores é atingir uma “comunicação perfeitamente transparente”, mas têm que enfrentar a “comunicação sistematicamente distorcida”.
· A “percepção seletiva” tem explicado diferenças desse tipo. Essa, porém, não é tão seletiva quanto parece.
· A codificação causa a formação de certos limites e parâmetros dentro dos quais vão ser operadas as decodificações.
· A correspondência entre codificação e decodificação não é dada, e sim construída, ou seja, é o produto da articulação entre dois momentos diferentes.
· A codificação não tem o poder de determinar quais códigos de decodificação vão ser utilizados.
· Podem ser combinadas várias articulações entre codificação e decodificação.
· Há três posições hipotéticas das quais pode-se construir a decodificação de um discurso televisivo.
· A primeira é relacionada à posição hegemônica-dominante. Quando o sentido conotado é apropriado pelo telespectador de maneira direta e integral e quando ele decodifica a mensagem nos termos em que ela foi construída, pode-se afirmar que o telespectador está operando dentro do código dominante.
· Pode-se diferenciar, dentro disso, as posições feitas pelo código profissional, que é relativamente independente do dominante, mas que opera dentro da “hegemonia” do dominante.
· As interpretações hegemônicas são geradas pelas elites política e militar, e também pela estrutura de acesso. A reprodução ideológica acontece, nesse caso, inconscientemente.
· A segunda posição hipotética é a do código negociado.
· “As definições dominantes conectam eventos, implicitamente ou explicitamente, a grandes totalizações, às grandes visões de mundo sintagmáticas”.(p. 401)
· Dentro do código negociado, decodificar contém uma mistura de elementos de adaptação e oposição. Ao mesmo tempo em que reconhece a legitimidade das definições hegemônicas, faz suas próprias regras, em um nível mais restrito.
· A versão negociada da ideologia dominante está cheia de condições. Esses códigos operam por meio de lógicas específicas ou localizadas.
· A maioria dos mal-entendidos vem das contradições entre códigos hegemônico-dominantes e decodificações negociadas.
· A terceira posição é o código de oposição.
· É possível haver entendimento por parte do telespectador tanto no sentido conotativo quanto no literal e, ao mesmo tempo, ele pode decodificar a mensagem de uma forma globalmente contrária. O receptor da mensagem a “destotaliza” do seu código preferencial e a “retotaliza” em algum referencial alternativo.
· Dessa forma é travada a luta no discurso.
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