terça-feira, 3 de março de 2009

Blog do Jornalismo

quinta-feira, 19 de maio de 2005
Centro de Mídia Independente
(por André Góes Mintz)

Vamos, agora, nos desvencilhar um pouco das personalidades importantes que viemos retratando ao longo da existência desse blog, e abordar algumas questões pertinentes no que diz respeito à liberdade e imparcialidade do jornalismo e da mídia.

O veículo de comunicação é um empreendimento muito caro e que, portanto, precisa ter alguém com muito dinheiro por trás para bancar todo o aparato técnico da impressão e todo o pessoal que se envolve nessa jornada diária. Haja visto Cidadão Kane e nossa versão nada fictícia: Roberto Marinho, a mídia se revolve de enorme poder e se mostra como palco de grandes jogos de interesses. Esses meios, portanto, se encontram concentrados nas mãos de um pequeno grupo e essa concentração se acentua ainda mais quando se aborda o meio televisivo, que depende de investimentos ainda mais pesados e, ainda, de uma concessão governamental para seu funcionamento.

A realidade que é divulgada para as massas, portanto, se encontra controlada por um número reduzido de pessoas e, se tratarmos do jornalismo internacional, por um número ainda menor de agências. Não é dada voz, portanto, às pessoas comuns, que, muitas vezes, são espectadores ou participantes muito mais ativos da realidade e que poderiam fornecer uma visões diferenciadas e menos pretensiosas do mesmo fato.

A Internet, contudo, configura-se hoje como um meio aberto para a publicação de textos de anônimos e, portanto, encontra-se repleta de sites que divulgam os fatos com visões diferentes das da grande mídia. A rede funciona, hoje, como um canal na qual a comunicação se dá de muitos para muitos, num grande estardalhaço de vozes nas quais algumas se destacam e ganham grande visibilidade. O próprio blog, gênero no qual nos inserimos, é um reflexo dessa situação.

O Centro de Mídia Independente é um dos projetos que se destacaram nesse contexto. O CMI nasceu no Estados Unidos no ano de 1999 como um site com o intuito de divulgar a cobertura da imprensa alternativa a protestos contra a Organização Mundial do Comércio em Seattle. Nasceu, portanto, como uma organização ativista que se mobilizava na construção de um veículo aberto e independente na contramão da concentração dos recursos midiáticos. Foi exatamente a abertura editorial do site, a possibilidade de leitores contribuírem, comentarem e até divulgarem suas próprias matérias e vídeos, que deu ao CMI o destaque que hoje possui como um veículo engajado na cobertura de movimentos ativistas e populares.

Rapidamente, diversos coletivos do CMI se organizaram em várias cidades em todo o mundo. No Brasil, operam 11 deles, sendo que um se localiza em Belo Horizonte. Todos eles coordenam conjuntamente o site do Centro no Brasil (www.midiaindepentente.org) e desenvolvem, cada um, projetos paralelos ligados com rádio, vídeo e mídia impressa. Em BH organizavam, inclusive, o jornal "O Poste", que era disponibilizado na Internet para impressão e afixado em diversos pontos da cidade.

A abertura a que o site se propõe cria uma série de possibilidades impraticáveis na mídia tradicional e que abusam de todo o potencial da rede enquanto mídia. Na mesma media em que a liberdade de publicação permite a divulgação de matérias muito bem feitas e trabalhadas, retratando tanto grandes acontecimentos quanto pequenos fatos rotineiros, essa liberdade possibilita a publicação de matérias tendenciosas ou mesmo falsas, denunciadas, com freqüência, pelo próprio absurdo de seu conteúdo. Porém, essa possibilidade acaba por se mostrar não como um problema, mas como uma qualidade do site, uma vez que se encontra aberto a comentários e críticas não sujeitos à censura, a não ser que sejam desrespeitosos, racistas, sexistas ou em contrários a outras políticas editoriais do site.

A grande limitação do CMI, contudo, reside na restrição de seu público leitor e colaborador, uma vez que grande parte dele possui um perfil semelhante, o que cria uma unanimidade nas discussões em diversos aspectos e torna o debate bastante parcial. Pelo seu próprio caráter ativista, seu público é caracterizado, geralmente, por pessoas engajadas na luta popular e nos propósitos defendidos pelo grupo desde sua fundação, a oposição ao sistema econômico e político vigente, na atualidade, em nível global. Que fique claro, contudo, que não estamos, aqui, questionando a ideologia a que esse público adere, mas simplesmente a limitação que a unanimidade dessa opinião impõe sobre a pluralidade que um debate em tal nível poderia propiciar.

A mídia, agora falo por mim, autor desse post, deveria sempre enriquecer a nossa noção da realidade através da apresentação de diferentes visões sobre o que acontece no mundo, as diferentes posições dos envolvidos nos fatos e conflitos e as diferentes propostas para o "e agora?". Dificilmente a mídia tradicional se preocuparia com a apresentação verdadeira dessa pluralidade e o mito da imparcialidade jornalística ainda reina nesses veículos. Se há algo que podemos depreender dos textos de diversos filósofos acerca do nosso contato com a realidade é que ele é necessariamente mediado, em última instância, pelos nossos sentidos. A mídia, nesse processo, configura-se como um mediador entre a realidade, ou a percepção da realidade por alguém, e nossos sentidos. Logo, caindo no velho clichê platônico, se não podemos sair, de fato, da caverna, acho interessante que possamos, pelo menos, escolher que galerias visitar.
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domingo, 8 de maio de 2005
Uma das formas de levantar questionamentos e ampliar a discussão sobre o jornalismo é a abordagem, no blog, da opinião de renomados profissionais. Trazemos agora uma espécie de "ensaio" sobre como o jornalista Ricardo Kotscho enxerga o atual panorama da profissão.


RICARDO KOTSCHO E O TEMPO DE OUSAR
(por Marcelo Cardoso e Silva)

Quem acompanha o noticiário político de Brasília deve lembrar de seu nome. Com quarenta anos de profissão e passagens por diversos cargos e veículos na imprensa nacional, Ricardo Kotscho é reconhecido como um dos maiores jornalistas brasileiros. Foi, porém, na arena política do governo Lula que seu nome ganhou notoriedade.

Apaixonado pela profissão, amigo de longa data do companheiro Lula. Com estes predicados, Ricardo Kotscho conduziu sua trajetória do jornalismo à assessoria de imprensa do então candidato à Presidência. Vencidas as eleições, preferiu dar continuidade ao projeto, assumindo a Secretaria de Comunicação e Divulgação da Presidência da República, até o final de 2004.
"Mas, mesmo nas campanhas e agora no governo, acho que a função básica do jornalista é a mesma: apurar, levantar informações e transmitir notícias, informações. (.) Os jornalistas têm dúvidas, me perguntam coisas, eu vou atrás para responder, e passo todas as informações que posso, que tenho condições de apurar." (Ricardo Kotscho à Caros Amigos em outubro de 2004)

Em sua última edição de 2004, a revista CartaCapital convidou Kotscho para escrever sobre os desafios da mídia para o ano vindouro. Ao fazê-lo, Kotscho nos oferece uma bela reflexão sobre a tão propalada "crise no jornalismo brasileiro", apontando suas causas e arriscando sugestões.

Para começar, convém lembrar que a crise não é nova. Pelo contrário, já se arrasta há décadas, desde antes mesmo dos vultosos investimentos dos anos 90, que arruinaram as finanças dos grandes grupos. Assim, cai por terra a idéia, simplória, de uma crise meramente econômica e passageira.

Acontece que, neste período, os jornalistas não souberam se adaptar ao novo cenário de abertura política e desenvolvimento tecnológico intenso. Prevaleceu um certo espírito de acomodação. Optou-se preferencialmente pelas opções mais fáceis: o telefone, a internet, os recursos gráficos, os telejornais, as colunas de opinião, o noticiário de bastidores. Em um país absolutamente plural como o Brasil, temos uma mídia culturalmente homogênea e geograficamente restrita ao chamado eixo Brasília-Rio-São Paulo. Pobre, enfim.

Enquanto isso, foram sendo marginalizados os tradicionais valores do bom jornalismo: a criatividade, a reportagem bem elaborada, o bom texto, a ética profissional. O discurso da falta de recursos tornou-se imperativo. Com certa nostalgia, Kotscho recorda as grandes revistas e jornais de outros tempos, desbravando o Brasil e descobrindo os brasileiros e suas histórias fascinantes.

A falta de dinheiro não pode servir para justificar, indefinidamente, a mediocridade de nossa imprensa. A volta por cima, no momento em que a economia nacional apresenta sinais de recuperação, é um desafio possível, ainda que difícil. Exige, para tanto, investimentos na qualificação dos jornalistas, na cobertura nacional, e, sobretudo, a valorização da criatividade e do gênero reportagem. Não por acaso, Kotscho escolheu um título sugestivo para o seu depoimento: "Tempo de Ousar". A ousadia para o jornalismo, neste caso, parece ser a humildade de recorrer a suas boas e antigas práticas.

Referências:
. Revista CartaCapital - Edição Especial de Fim de Ano - 29 de dezembro de 2004. Ano XI nº 323: "Tempo de Ousar" p. 70-72
. Revista Caros Amigos (http://carosamigos.terra.com.br/) - Edição 91 - Outubro de 2004: Entrevista risonha e franca - Ricardo Kotsho: "O guardião do Planalto"
. ABRACOM - Associação Brasileira das Agências de Comunicação: "Sua excelência, o assessor - veteranos das redações" (http://www.abracom.org.br/noticias/clipping_not.asp?cod=1206)
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domingo, 1 de maio de 2005
PERSONALIDADES DO JORNALSIMO:

Para começar a traçar este perfil do profissional do jornalismo, começaremos com a biografia do jornalista Vladimir Herzog. "Biografias" como esta serão frequentes em nossa experiência bloguística, para que, além de conhecer a história dos mais importantes e renomados profissionais do Brasil, possamos conhecer como o jornalista pode se tornar relevante para a história de uma nação.

Vladimir Herzog
(por Ana de Melo e André Luiz Macedo)

Nascido em Osijek, na Croácia, Vladimir Herzog chegou ao Brasil aos 9 anos de idade.
Iniciou-se na carreira jornalística em 1959, no jornal O Estado de São Paulo. Trabalhou como repórter, redator e chefe de reportagem do jornal. Em 1965, foi para Londres, onde trabalhou como produtor e locutor da BBC.De volta ao Brasil, trabalhou durante 5 anos como editor cultural da revista Visão. Em 1971, elaborou uma extensa reportagem de capa para a revista sobre os problemas das TVs educativas no Brasil. Em 1973, passou a trabalhar como secretário do jornal "Hora da Notícia" na TV Cultura e em seguida assumiu o cargo de diretor do departamento de telejornalismo. Nesta função começou a colocar em prática seu conceito de "responsabilidade social do jornalismo". Defendia que a TV Cultura tivesse um jornalismo profissional que não fosse "servil" ao estado e que mais do que "educativo" ou "cultural", fosse "público". Para Herzog, o jornalismo não deveria propor um "monólogo", mas um "diálogo com a sociedade", que superasse todo tipo de "paternalismo" e incorporasse "os problemas, esperanças, tristezas e angústias das pessoas às quais se dirige".

Em 1975, na busca pela concretização de suas idéias de um "jornalismo público", Vladimir Herzog foi chamado para depor no prédio do DOI-CODI, na rua Tutóia, para prestar esclarecimentos sobre o seu envolvimento com o Partido Comunista Brasileiro. No DOI-CODI, foi brutalmente torturado sob o comando do capitão Ramiro e terminou assassinado quando se recusou a assinar o depoimento. Seu corpo foi arrastado até uma cela e pendurado numa grade. A versão de suicídio apresentada pelo comando do II Exército não foi aceita em momento algum pelos jornalistas. As fotos do "suicida" - pendurado na grade de uma sala, pernas dobradas e joelhos praticamente tocando o chão - eram mais indícios de que aquele era um suicídio forjado. Sabia-se que se tratava de mais um caso de assassinato praticado contra opositores do regime.

No dia seguinte à morte do companheiro, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo distribuiu um comunicado que foi um grito e uma denúncia. O documento responsabilizava os militares pela morte, independentemente da circunstância em que ela ocorrera: "Não obstante as informações fornecidas pelo II Exército - dizia o documento - o Sindicato dos Jornalistas deseja notar que, perante a lei, a autoridade é sempre responsável pela integridade física das pessoas que coloca sob sua guarda". E prosseguia: "O Sindicato dos Jornalistas, que ainda aguarda esclarecimentos necessários e completos, denuncia e reclama das autoridades um fim a essa situação em que jornalistas profissionais, no pleno, claro e público exercício de sua profissão, cidadãos com trabalho regular e residência conhecida, permanecem sujeitos ao arbítrio de órgãos de segurança, que os levam de suas casas e de seus locais de trabalho, sempre a pretexto de que apenas irão prestar depoimento, e os mantêm presos, incomunicáveis, sem a assistência da família e sem assistência jurídica, por vários dias e até por várias semanas, em flagrante desrespeito à lei".

O assassinato de Herzog transformou-se em escândalo nacional. A atuação do Sindicato no episódio marcou o momento em que se abriu espaço para o crescimento da resistência da sociedade civil ao regime instalado no país com o golpe de 64. A realização do culto ecumênico em memória de Vlado, com a participação de mais de 8 mil pessoas, no dia 31 de outubro de 1975, na Catedral de São Paulo, foi a maior manifestação pública desde a decretação do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 68. Isso, apesar do clima de ameaças, do verdadeiro cerco estabelecido com a chamada Operação Gutemberg, comandada pelo então secretário de Segurança, Cel. Erasmo Dias, que mandou instalar mais de 380 barreiras nos principais pontos de acesso ao centro da cidade.

A indignação e a reação, primeiro da categoria dos jornalistas, estendeu-se aos vários segmentos da população numa onda crescente de revolta que teve como conseqüência a denúncia pública da arbitrariedade do regime militar, abalando de forma decisiva a estabilidade do governo ditatorial.

Agora é comum dizer que Vladimir Herzog foi suicidado pela ditadura. Mas, para se chegar a tal certeza e para que o judiciário reconhecesse a responsabilidade dos agentes do DOI-CODI na morte de Herzog, jornalistas, estudantes, advogados, deputados e diversos outros setores da sociedade tiveram de se unir e lutar contra a repressão e a violência. Como disse Fernando Jordão em seu livro Dossiê Herzog, "a morte do jornalista (...) representou a argamassa que uniu as correntes oposicionistas". A partir de então, muitas mudanças ocorreram na vida de milhares de brasileiros. A morte de Vlado, como era chamado pelos mais próximos, foi um episódio marcante e decisivo na evolução do quadro político brasileiro.

Só em 27 de outubro de 1978, três anos e dois dias após o assassinato de Herzog, o juiz Márcio José de Moraes declarou a União responsável pela sua prisão, tortura e morte, considerando imprestável o laudo médico-legal que amparava a versão oficial e afirmando que as autoridades não conseguiram provar que a morte ocorreu por suicídio.

Referências Bibliográficas: http://www.fpabramo.org.br/especiais/vlado/apresentacao.htm http://www.midiaindependente.org/pt/red/2004/10/292474.shtml JORDÃO, Bernardo. Dossiê Herzog. São Paulo: Global Editora, 1979
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O JORNALISTA
(por Aline Lacerda)

A imagem do jornalista normalmente suscita tipos de interpretação conflitantes na sociedade: de um lado a figura do jornalista-vilão, ligado às esferas obscuras de poder, manipulador de verdades em favor de interesses escusos, enganador e corrupto; de outro, o jornalista-herói, investigador imbatível, de moral intacta, denunciador dos criminosos, defensor inabalável da verdade a serviço da população. Para a ficção essas imagens podem ser interessantes, mas em que ponto da linha entre esses dois extremos se encontram os verdadeiros jornalistas, os de carne e osso, que produzem o jornalismo a que temos acesso todos os dias? Será que existe alguma verdade nesses personagens que povoam as considerações do senso comum?
O paradigma do jornalista comum parece se aproximar de uma outra imagem: a de um sujeito que, na rotina de cumprir a pauta que lhe é dada, tem de lidar muitas vezes com tumultos, gente mal-educada e indisposta a favorecer seu trabalho, matérias repetitivas e horários rígidos. O indivíduo muitas vezes não é apenas jornalista, ou não trabalha em um único tipo de canal de mídia, assumindo uma jornada de trabalho dupla para complementar a renda insuficiente da atividade jornalística. Além do salário baixo, ele precisa lidar com a extensa carga de trabalho imposta pelo jornalismo, que muitas vezes atravessa os limites da redação e invade a vida particular. Isso afeta inclusive as relações com a família e os amigos, que o jornalista muitas vezes acaba negligenciando em favor de sua profissão. Lidar com a notícia como matéria-prima requer o compromisso de disponibilidade constante ao trabalho, uma vez que o que a caracteriza é exatamente a novidade. Mas apesar de tudo isso, o jornalista normalmente declara ter um vínculo afetivo com a profissão: ele não se submete simplesmente às tensões do trabalho, mas o faz por escolha própria e com prazer.

Tamanho sacrifício e dedicação à profissão pode nos remeter àquela figura do jornalista-herói, que se sujeita a todo tipo de privação para buscar a verdade e levá-la à população, mas a motivação do jornalista comum para o trabalho é individual. Num mercado de trabalho saturado como o do jornalismo, o profissional precisa se destacar para conseguir ascender na carreira. A realidade do jornal como produto na sociedade capitalista vem acompanhada do perfil do jornalista competitivo, interessado muitas vezes mais no benefício de sua trajetória profissional pessoal do que no seu compromisso com a sociedade. Esse desvio da meta fundamental da profissão às vezes abre brechas para que se rompa um dos preceitos básicos para a atividade jornalística: o da integridade ética. E aí surgem os casos de corrupção, manipulação de informações e notícias forjadas, que lembram a imagem do jornalista-vilão. Mas é um equívoco tomar o todo por uma pequena parte, os jornalistas no geral pelos casos isolados de falta de profissionalismo. E tudo isso ainda passa pela dificuldade de se estabelecer um código ético absoluto para o exercício da profissão, uma vez que esse conceito toca em valores
bastante subjetivos e pessoais.

É complicado tentar estabelecer exatamente aonde, entre o mocinho e o bandido, se localiza o verdadeiro jornalista. Os próximos posts desse blog procurarão tratar dessas questões que envolvem a definição da realidade atual do jornalismo de forma mais específica e aprofundada, mas não no sentido de sustentar essa abordagem maniqueísta da profissão. A meta é propor discussões que permitam uma recepção mais consciente do material jornalístico a que temos acesso todos os dias e, na nossa situação específica de estudantes de Comunicação Social, compreender também o cenário e os bastidores do jornalismo, removendo as máscaras das personagens de forma a melhor conduzir a nossa própria entrada nesses papéis.
:: Enviado por Profissão Jornalismo - 18:44:45 ::
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domingo, 24 de abril de 2005
EDITORIAL:



Acreditamos que todos os que acessarem esse blog o farão com conhecimento de quem somos nós e dos objetivos básicos de sua existência (do blog, porque da nossa nem nós conhecemos). Não custa, entretanto, apresentar-nos para um início de conversa.

Como pode ser observado na coluna ao lado, somos alunos do curso de graduação em Comunicação Social da UFMG. Estamos no primeiro período e, assim que chegamos à universidade, alguns já numa segunda tentativa de se encontrarem, já somos incumbidos da tarefa de definir as possíveis profissões nas quais podemos atuar quando sairmos daqui. No caso desse blog, o jornalismo.

Tivemos a vantagem de já termos estudado com a professora Carmen algumas das visões sobre essa profissão, o que levou alguns de nós a, inclusive, duvidar das convicções que tinham ao entrar nesse curso. Pois, em linhas gerais, percebemos grande parte dos problemas da profissão. Quebramos a cara agora para não quebrarmos depois. Com esse blog, contudo, tentaremos responder a nossas próprias perguntas sobre o que é ser jornalista, nossas curiosidades sobre essa profissão em suas várias manifestações. O que não impede, porém, que recapitulemos o que aprendemos em sala, que serve de base, mas não de limite para nossa busca.

Tendo em vista nossa correria para atender a todas as exigências e cobranças que o curso nos impõe, não conseguimos adiantar o trabalho do blog o tanto quanto gostaríamos, mas já tivemos algumas idéias que nortearão o nosso trabalho ao longo desses meses. Buscaremos informações sobre o jornalismo tradicional e o alternativo, o qual entendemos como todo aquele que se destaca pela sua abordagem, veiculação ou independência. Buscaremos, também, a situação atual da profissão, a qual compreende o mercado de trabalho, a mobilização sindical, a crise ética (que tantas vezes discutimos em sala), entre outros aspectos. Para tanto, tentaremos conversar com as pessoas que se encontram envolvidas, direta ou academicamente com essas questões, para termos uma visão aprofundada da profissão por quem a vivencia. Dessa forma exercitaremos, entre outros, um dos quesitos que nos parece, até agora, ser essencial para o jornalista: a cara de pau.

Também pretendemos trazer para nosso blog o perfil de jornalistas e jornais que se tornaram, por bem ou por mal, históricos. Pesquisaremos a "vida e obra" de personalidades que, por algum motivo, merecem algum destaque na história do jornalismo brasileiro, principalmente. Entre elas, já podemos destacar alguns personagens, como Vladimir Herzog, Carlos Lacerda, Assis Chateaubriand e Roberto Marinho e alguns veículos, como o Pasquim e o Binômio.

Essa é, portanto, a nossa previsão de como caminhará nosso trabalho, mas, como trabalhamos com um veículo extremamente aberto e flexível, nada impede que distorçamos nosso trajeto de acordo com estímulos externos ao nosso planejamento. Contamos, portanto, com opiniões dos "acessadores" e com acontecimentos, que podem ser mundiais ou mesmo em nossa própria turma, que possamos comentar no blog, desde que se enquadrem nos objetivos do trabalho, claro. Se não o fizéssemos, estaríamos, inclusive, desperdiçando todo o potencial do blog.

Apresentados nós e o blog, vamos ao que interessa. Pegando emprestados os versos de Haroldo de Campos em Galáxias, "descanto a fábula e desconto as fadas e conto as favas pois começo a fala".

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