terça-feira, 10 de março de 2009

FRANÇA, Vera V. O Estudo da Comunicação nos Estados Unidos: A “Mass Communication Research”. In: ______. Curso Básico de Teoria da Comunicação. Belo H

Universidade Federal de Minas Gerais

Comunicação Social / 2º Período

 

Nome: Thiago Martins Lopes de Faria

Disciplina: Teoria da Comunicação

 

Fichamento 02

 

FRANÇA, Vera V. O Estudo da Comunicação nos Estados Unidos: A “Mass Communication Research”. In: ______. Curso Básico de Teoria da Comunicação. Belo Horizonte, 2004.

 

·        Os Estados Unidos tiveram um papel pioneiro nos estudos da comunicação.

·        Os investimentos no desenvolvimento de projetos foram pautados por dois tipos de interesse: preocupação ética, e de cunho pragmático ou operacional.

·         A Mass Communication Research ou “Escola Funcionalista Americana” coloca os EUA no princípio das Teorias da Comunicação e exerce forte influência no conhecimento produzido depois em outros lugares.

 

2.1 – A ESCOLA FUNCIONALISTA

 

·        Esses estudos, estimulados pela realidade que surgia na primeira metade do século XX, são caracterizados por três áreas de enfoque: “a eficácia da propaganda política, a utilização comercial-publicitária dos meios de massa, e a influência, em geral, dos novos meios de comunicação nos comportamentos e no quadro de valores social”.(pág. 2)

·        A pesquisa nos EUA é muito ligada à prática, e procura responder à necessidade de uma utilização boa e eficiente dos meios.

·        Alguns autores que enfatizam a qualidade ideológica dessas pesquisas, comprometidas pelos interesses político e econômico do capital monopolista.

·        As teorias são originadas da sua época, das condições políticas, econômicas e sociais em que surgiram. São cristalizações da vivência e dos pensamentos dos homens em determinados lugar e época.

 

2.2 – O CONTEXTO

 

·        O apogeu da Mass Communication Research foi do fim dos anos 30 até por volta de 1950.

·        A “Crise de 1929” foi um marco nesta história.

·        “O New Deal é o marco adequado para o desenvolvimento da moderna teoria da comunicação e da opinião pública”. (pág. 3)

·        A preocupação dos estudiosos, no início dos anos 40, já não era apenas ter uma comunicação de alcance interno, mas também uma propaganda política internacional.

·        Após a 2a Grande Guerra, os estudos da comunicação tiveram novos centros de interesse: propaganda eleitoral interna, formação da política de opinião pública para o imperialismo, e a comunicação na situação da Guerra Fria.

·        O campo de interesse também é estendido à publicidade e às relações públicas.

·        Nessa época os EUA presenciaram o desenvolvimento das emissões de rádio, do cinema hollywoodiano, e da televisão.

·        Surge em 1950 o “Journal of Communication”.

 

2.3 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS

 

·        A união de várias áreas científicas e de várias contribuições construiu as teorias americanas, e deu a elas uma base multifacetada.

 

2.3.1 – A Teoria Funcionalista (ou o estrutural-funcionalismo)

 

·        A Mass Communication Research parte de uma base sociológica chamada estrutural-funcionalismo.

·        Este é inscrito dentro do Positivismo.

·        O Positivismo foi desenvolvido em culturas diferentes, mas há pontos em comum: primado da ciência, proximidade entre ciências naturais e o estudo da sociedade, exaltação da ciência como a única maneira de solucionar os problemas do homem e da sociedade, combate à espiritualidade e ao idealismo da realidade.

·        O funcionalismo estabelece uma analogia entre a sociedade e um organismo biológico e sua perspectiva é baseada em duas noções: estrutura e função.

·        Entende-se a sociedade como um organismo inter-relacionado, no qual se um dos elementos é afetado, uma outra parte deixa de funcionar.

·        A análise funcionalista só engloba problemas teóricos que dizem respeito à função desempenhada pelas instituições sociais.

·        Segundo o funcionalismo, a comunicação é vista a partir das funções que exerce na sociedade.

 

2.3.2 – O Behaviorismo ou Teoria do Estímulo-Resposta

 

·        O comportamentalismo foi J.B. Watson (1878 – 1958) e ele teve a intenção de transformar a psicologia em uma ciência como as ciências naturais. Para isso ele teve que retirar da análise os dados que não podiam ser submetidos à experimentação.

·        “A consciência não pode estar na base da ciência psicológica; o que o psicólogo precisa estudar são os comportamentos”. (pág. 7)

·        Watson afirma que as causas do comportamento das pessoas são os “estímulos” que recebem do ambiente e o comportamento é a “resposta” a estes.

·        Já Tolman diz que o comportamento humano não é apenas mecânico, e sim intencional, de acordo com os objetivos do próprio indivíduo.

·        B. Skinner acredita que a psicologia é a ciência do comportamento. Ele apresentou a proposta do reforço, diferente do estímulo incondicionado, que é uma técnica de condicionamento que atua orientando, por meio de estímulo, um tipo de resposta e não outro.

·        Essa corrente foi bastante frutífera nas pesquisas sobre propaganda e persuasão.

 

2.3.3 – A Teoria da Sociedade de Massa

 

·        De acordo com a Sociologia, o termo “massa” indica uma coletividade heterogênea, de grande extensão, sem laços internos e de organização frágil. Sendo, portanto, uma construção vazia, ou neutra. Dessa forma, essa expressão tem um sentido negativo.

·        As várias formulações teóricas possuem estes traços comuns.

·        É pequeno o número de indivíduos da massa que expressa opinião, ela é controlada por autoridade, ou seja, ela tem um comportamento de resposta.

·        O “homem massa” é determinado pelos meios de comunicação.

·        Três eixos foram privilegiados pela Escola Americana: o estudo das funções dos meios de comunicação, a análise das mensagens veiculadas, e o estudo das influências dos meios sobre a audiência.

 

2.4 – FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO

 

·        A análise funcionalista examina as conseqüências dos fenômenos sociais que interferem no funcionamento normal de um sistema determinado.

·        H. Lasswell, cientista político, indicou três funções básicas da comunicação:

a)        A vigilância sobre o meio ambiente (função informativa)

b)        A relação entre as partes da sociedade (função de integração)

c)        Passagem da herança social de uma geração para outra (função educativa)

·          C. Wright apresentou, depois, uma quarta função: a do entretenimento ou recreativa.

·          As funções não são excludentes.

·          A análise das funções é a análise de seu conteúdo relacionada com as necessidades de um determinado grupo.

·          Outros autores acrescentaram outras funções como a função comercial.

·          P. Lazarsfeld e R. Merton destacam duas funções (atribuição de status e execução das normas sociais) e uma disfunção (disfunção narcotizante).

·          A função de atribuição de status se refere papel dos meios para dar ênfase e importância às questões públicas.

·          “A função de execução das normas sociais diz respeito ao papel dos meios para denunciar desvios e situações discrepantes dos valores vigentes” (pág.11).

·          A disfunção narcotizante fala sobre o risco que há de o excesso de informação levar a massa à apatia. 

·          Outras disfunções são apontadas por Wright, como o controle da informação para manter o poder de determinado grupo, e a falta de censura (filtro de informações).

·          São inúmeras as funções e as disfunções.

 

 

 

 

2.5 – EFEITOS DA COMUNICAÇÃO

 

·        A análise das funções investiga o papel desempenhado pelos meios de comunicação diante do quadro de necessidades da sociedade e busca suas respostas por meio de uma abordagem teórica mais abrangente, e de uma análise das mensagens veiculadas pelos meios.

·        O estudo dos efeitos investiga sobre a maneira que os indivíduos são afetados, e tem em vista a própria relação causa-efeito. O foco da análise é voltado para o âmbito da recepção.

·        A questão de fundo dos estudos dos efeitos é com relação ao poder dos meios para afetar as pessoas.

 

2.5.1 – A teoria da “agulha hipodérmica” (a onipotência dos meios)

 

·        Essa teoria surgiu nos anos 20 e 30. O contexto era o do período entre-guerras e todos os recursos persuasivos para incentivar o amor ao país e ódio ao inimigo foram utilizados.

·        O efeito da propaganda de guerra mostrava uma imensa capacidade de intervenção dos meios, fazendo, dessa forma, uma analogia com a seringa de injeção.

·        Essa teoria é baseada na psicologia dos instintos.O homem tem uma natureza não-racional.

·        Esta visão serve de base para dois pressupostos ligados pela teoria da agulha hipodérmica: a onipotência dos meios, e a vulnerabilidade das pessoas.

·        Essa teoria não resistiu aos investimentos científicos que se seguiram.

 

2.5.2 – As pesquisas sobre o processo de persuasão

 

·        As pesquisas experimentais que superaram a teoria da “agulha hipodérmica” não questionam a matriz Estímulo-Resposta, porém tenta entender o que acontece entre o “E” e a “R”, percebendo-se que este processo é bem mais complexo que o descrito anteriormente.

·        Dois avanços que podem ser registrados foram: a idéia de instinto é substituída pela identificação de respostas diferenciadas (as pessoas possuem personalidades diferentes que determinam suas respostas); e a idéia de que os efeitos são resultados de diversas causas atuantes.

·        O processo de persuasão é influenciado por vários aspectos ligados à fonte e ao emissor.

·        Com relação à mensagem, um aspecto enfatizado foi à ordem da argumentação. Houve pesquisas sobre o que seria mais conveniente para modificar a opinião da audiência no que diz respeito à maior ou menor exposição dos argumentos no contexto de algum assunto controverso. E um terceiro aspecto diz respeito à explicitação das conclusões. Não foi possível chegar a resultados definitivos para essas questões.

·        No que diz respeito aos meios, Hovland e outros mostraram a  diferença da eficácia dos diferentes meios, ou da especialidade de cada um. Os resultados também não foram definitivos.

·        Com relação às características da audiência, as pesquisas mostram os efeitos como um processo formado por várias fases: o interesse dos receptores, a exposição seletiva, a percepção seletiva e a memorização seletiva.

·        “Mensagens não são estímulos suficientes em si mesmas, mas ganham sua eficácia se e quando bem combinadas com o quadro e as disposições psicológicas da audiência” (pág. 16).

 

2.5.3 – Processos de influência e características sócio-culturais

 

·        Uma das características das pesquisas empíricas, de orientação sociológica desenvolvidas paralelamente às pesquisas experimentais, é que elas pesquisavam situações reais.

·        Os estudos sociológicos falam sobre influência, ou seja, os meios de comunicação são apenas eixos de influência.

·        As mediações que caracterizam o consumo dos meios de comunicação e a composição diferenciada do público são dois aspectos enfatizados por essas teorias.

·        O método de pesquisa tentava combinar uma análise dos conteúdos dos programas com as características dos seus espectadores.

·        As pesquisas tentam também identificar como se dá o processo de influência da mídia.

·        Os resultados mostraram que os meios não influenciam diretamente e a influência destes é direcionada de acordo com o contexto social no qual as pessoas estão inseridas e pelas relações interpessoais dentro dos grupos.

·        “... Admitiu-se então que o fluxo das comunicações seguia dois estágios: do rádio e a imprensa aos líderes de opinião e destes aos membros menos ativos da população” (pág. 17).

·        Foi evidenciado no estudo de Elmira que há uma tendência dos líderes a procurar conselhos e informações com outras pessoas, isso leva a crer que, na verdade, não é um fluxo em apenas dois estágios, mas de vários.

·        Tais pesquisas mostraram que os meios têm poder apenas suplementar.

·        O uso dos meios de comunicação, para que se alcance a mudança no comportamento da sociedade, deve combinar algumas condições, segundo Lazarsfeld e Merton: monopolização; canalização e suplementação.

·        A comunicação de massa atua entre e por meio de um conjunto de fatores e influências mediadoras; os meios exercem mais um papel colaborador.

·        É possível que os meios consigam mudar desde que os fatores mediadores não estejam atuando, ou estejam também “a favor” da mudança, há, porém, algumas exceções em que os meios conseguem exercer influência direta.

 

2.6 – A TEORIA MATEMÁTICA

 

·        A Teoria Matemática da Comunicação foi publicada em 1948, desenvolvida por C. Shannon e W. Weaver, que organizaram e sistematizaram a compreensão do processo comunicativo. Esse estudo se trata de um “modelo” para a comunicação.

·        Esse modelo apresentou e legitimou o paradigma da área, chamado “paradigma informacional”.

·        Em sua apresentação, Weaver registra que, na comunicação, é possível identificar três problemas: semânticos, pragmáticos e técnicos (ou operacionais).

·        Apesar de esses três problemas estarem relacionados, ressalta-se que a Teoria Matemática da Comunicação tenta responder apenas aos problemas técnicos.

·        Inicialmente, essa teoria foi desenvolvida com uma base matemática e tem como objetivo medir quanto de informação um canal suporta em certas circunstâncias, prever e corrigir as mudanças que podem ocorrer durante a transmissão.

·        Cada elemento tem uma função no processo:

Ø      Quem inicia o processo é a fonte. Ela escolhe a mensagem e seleciona a informação.

Ø      A mensagem é convertida num sinal, apto a ser processado através do canal, pelo transmissor. Ele coloca a mensagem no código adequado para ser transmitida.

Ø      O veículo que transporta a mensagem é o canal.

Ø      O receptor é que capta o sinal e decodifica a mensagem.

Ø      Aquele a quem se dirige a informação é o destinatário.

Ø      O ruído não é propriamente um elemento do processo, mas são perturbações que ele pode sofrer e que prejudica a qualidade da transmissão.

Ø      O feedback é o “retorno” proporcionado pelo destinatário. Ele não é uma nova emissão, pois não possui autonomia.

·        Informação, nessa teoria, refere-se a uma propriedade estatística da fonte: “a informação é uma medida de sua liberdade de escolha quando seleciona uma mensagem” (Weaver, 1978:28) (pág. 22)

·        O que interessa à análise informacional é quantas dúvidas a mensagem elimina. Quando tudo é previsível, não há informação.

·        A quantidade de informação depende da originalidade da mensagem.

·        Entropia refere-se à medida da quantidade de desordem de um sistema.Uma estrutura informacional muito entrópica não consegue alcançar a comunicação.

·        O oposto da entropia é a redundância. Para que a transmissão seja garantida, deve haver certa repetição.

·        Há a necessidade de um equilíbrio de informações.

·        A grande contribuição da Teoria da Informação foi o enfoque sistêmico da comunicação. Tal enfoque apresentou uma visão endurecida do processo comunicativo.

·        O princípio no qual são pautados os processos de transmissão e recepção é o da equivalência.

·        Essa teoria não tratou da produção de sentidos, da dimensão simbólica do processo.      

 

 

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