terça-feira, 3 de março de 2009

FICHAMENTO DO LIVRO “O MUNDO DOS JORNALISTAS”, DE ISABEL SIQUEIRA TRAVANCAS.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
DISCIPLINA: CAMPO PROFISSIONAL DA COMUNICAÇÃO
PROFESSOR(A): CARMEM
ALUNOS: THIAGO MARTINS LOPES DE FARIA / FÁBIO NEVES DE FREITAS

-INTRODUÇÃO.
O livro aborda o modo como é constituída a identidade social do jornalista. Dois grupos desses profissionais, separados pela autora entre experientes e jovens no trabalho, dão depoimentos que ajudam a compreender melhor o “mundo dos jornalistas”. Constata-se que a profissão é elemento fundamental nas vidas de ambos os grupos, definidora de grande parte de seu modo de enxergar o mundo, assim como exige um comprometimento de tal magnitude que dificulta o desenvolvimento de outros setores em suas vidas.
É também abordado o tema sobre a imagem dos jornalistas para eles próprios e para a sociedade.
Apresentam-se o local de trabalho e as razões que levam alguém a se tornar jornalista. A vida diária do repórter considerada pela autora como o paradigma da profissão, é apresentada em suas diferentes áreas: televisão, rádio e jornal impresso.
Por fim, a autora faz uma tentativa de análise antropológica sobre a identidade social do jornalista, tendo como base os dados coletados em sua pesquisa.

CAPÍTULO 1: OS HABITANTES DAS REDAÇÕES.

a) Sobre a história da imprensa, rádio e televisão.
Com a Revolução Industrial, no século XVIII, a imprensa começa a se desenvolver bastante, como produto industrial, com interesses mercantis e políticos. De lá para cá, muitas novas tecnologias foram surgindo e revolucionando o meio, como a impressora a vapor, o telégrafo e o telefone. No século XX entram em cena o rádio e o radiojornalismo, que provocam mudanças no jornalismo escrito, forçando-o a se tornar mais específico. A televisão tem como marco inicial de seu uso o ano de 1939, tendo passado por inúmeras alterações até chegar ao modelo que conhecemos hoje, tanto com relação à tecnologia envolvida como à forma de se produzirem programas televisivos.

b) Imprensa, rádio e televisão no Brasil.
Estranhamente, o primeiro jornal brasileiro foi criado em Londres, em 1808: era o Correio Braziliense, que fugia da censura do governo real, e entrava clandestinamente no país. A imprensa brasileira passou por várias transformações, desde o fim da censura, e os temas começaram a diversificar-se, passando de panfletários políticos a assuntos como cultura e gostos diversos para públicos variados.
No século XX, os jornais passam a se modernizar e adotam um padrão europeu e norte-americano.
O rádio foi utilizado pela primeira vez em 1922, mas só nos anos 50 o radiojornalismo tomou real impulso. Hoje é considerado o veículo de menor status na profissão.
A primeira emissora brasileira de televisão foi fundada em 1950, em São Paulo: era a TV Tupi. Esse é meio de maior prestígio no jornalismo.

c) A empresa jornalística.
Grandes jornais são como verdadeiras empresas, organizados de forma a ter máximo rendimento possível, com pessoas atuando em diversas áreas. Esses jornais localizam-se geralmente nas áreas centrais de suas cidades sedes, por haver ali uma maior facilidade de contatos, serviços e deslocamento.
Nos vários andares que um grande jornal ocupa de um prédio, os setores ocupam espaços diferentes. Assim, a direção ocupa um andar, a direção financeira, outro, e assim por diante.
Na sustentação de um jornal são os pontos básicos: redação, circulação e publicidade, sem os quais (ou mesmo sem um apenas deles) ele não sobrevive.
A imprensa é comumente citada como o “quarto poder”, devido a sua capacidade de influenciar a opinião pública.
Jornais de grande porte possuem correspondentes espalhados pelo mundo, nos locais mais estratégicos, e pelas principais cidades de seu país sede.
Funcionários têm horários específicos de trabalho, e matéria segue várias etapas até chegar ao produto final.

d) A redação.
É aqui caracterizado como sendo o centro do jornal. Circulam, além de repórteres, redatores e editores, vários funcionários de todos os tipos, como secretárias, contínuos, técnicos em equipamentos etc.
Há uma divisão no trabalho dos jornalistas, que podem ser repórteres, redatores, fotógrafos (ou repórteres fotográficos), diagramadores, subeditores, chefes de reportagem, pauteiro, editor-chefe, radioescutas e editorialista, entre outros mais secundários.
Existe toda uma hierarquização dentro de uma redação, cada funcionário ocupa uma posição, dependendo de seu status. Editorias diferentes funcional dentro de um jornal, que cobrem áreas diversas, como economia, política, esportes, cultura etc.
Apresenta-se a disposição geral das editorias, departamentos e outras salas no ambiente de um grande jornal.
Um repórter mantém uma relação muito estreita com a redação, precisando mantê-la informada sempre sobre onde estará num final de semana, pois pode ser solicitado para algum trabalho. Existe uma cobrança constante ao repórter, podendo-se dizer que ele não é dono de seu tempo nem de seu espaço, pois pode ser escalado para uma matéria a qualquer hora, mesmo estando no sossego de sua casa.

e) O dia.
A autora relata um dia comum de um jornalista de diário impresso, desde sua chegada ao jornal à sua ida para casa. O tempo todo seu trabalho pauta-se por várias relações pessoais com pessoas com status variados dentro do jornal. O bom relacionamento com essas pessoas pode ser um fator importante que pode determinar uma ascensão na hierarquia de um jornal.
Para os fins de semana organizam-se turmas de plantão, que se revezam para cobrir o jornal do dia. Entretanto, o fato de haver essas turmas de plantão apenas torna implícita a ligação permanente que o jornalista mantém com a redação.
O movimento e agitação num jornal variam conforme o horário, e atinge seu clímax no fim do dia, entre as 16 e as 20h, quando aproxima-se a hora do fechamento da edição do próximo dia. É momento de maior tensão. Passado o clímax, chega a hora de relaxar e se preparar para mais um dia cansativo.

f) O jornalista.
Há muitos profissionais em atividade no país, muitos sendo formado a cada ano, e cursos de jornalismo sendo abertos. Mas o mercado não vem crescendo com tanta intensidade, o que faz com que o mercado de trabalho seja bastante fechado.
Doenças são freqüentes em jornalistas, devido à tensão a que são submetidos diariamente, como úlcera, cardiopatias e alcoolismo. Consumo de drogas também é muito presente.
Embora desde 1979 exija-se o diploma para exercer a profissão, muitos acreditam que ela se aprende na prática.
A maioria dos jornais brasileiros são empresas privadas, com fins lucrativos, e muito caros, o que restringe o seu acesso pela população. O jornalismo hoje é como uma indústria de notícias, e como tal, típica da sociedade capitalista.

g) A notícia.
Várias definições de notícia há, mas todas concordam em um ponto: é um evento de interesse para alguém. A imprensa precisa escolher as notícias a serem divulgadas, e nisso percebe-se o papel de influenciadora da opinião pública, selecionando o que vai ser publicado e o que vai ser ignorado.

h) O tempo.
Elemento importantíssimo para o jornalista, mais do que para qualquer outro profissional. As novidades vêm e vão, tornando-se velha, o que exige sempre do jornalista a busca por renovação. É preciso que ele esteja sempre de prontidão, e seu tempo é indefinido: o fato pode acontecer na hora do fechamento da edição do jornal e assim, alterar todo seu horário programado. Parece que o tempo para os jornalistas é mais rápido do que para outras pessoas, vivendo todos os dias um ciclo, com início na chegada ao jornal e fim no fechamento do jornal.

CAPÍTULO 2: A ROTINA DO REPÓRTER.

a)O mundo dos jornalistas.
São profissionais que têm especial vínculo com seu trabalho, que é referencial para várias outras experiências. No livro é feita uma análise com base no dia-a-dia de três repórteres pesquisados de diferentes veículos de comunicação (rádio, TV e jornal impresso), que tenta buscar os significados de ser jornalista e o que isso implica na visão de mundo e no estilo de vida do profissional.
Várias diferenças existem entre esses três tipos de jornalistas, no modo de se vestirem, no tipo de informações que desejam colher, na forma como vão registrar essas informações, no reconhecimento que as pessoas têm de seu trabalho. Geralmente, repórteres de um mesmo meio procuram se agrupar na ocasião de um evento, para trocarem informações interessantes especificamente a profissionais de seu ramo.

b) Um dia no jornal.
A primeira pessoa a ser acompanhada num dia de trabalho pela autora Isabel Travancas é uma repórter de editoria geral de um diário impresso de 25 anos, 4 na profissão. Ao chegar ao serviço, examina sua pauta, na esperança de encontrar uma matéria interessante. É importante sair cedo para a rua e colher as informações o mais rápido possível, para não se submeter a atrasos.
Nem sempre a jornalista consegue sair no horário de término, atrasada por vários contratempos. Após o trabalho, ainda tem outras atividades, como cursos de idiomas e aulas diversas. Nos momentos de folga, como em fins de semana em que não trabalha, há um pouco de lazer, como idas ao cinema e à praia. Diz que é difícil arrumar namorado, e que é difícil envolver-se com um homem não-jornalista.
Nos fins de semana em que trabalha, diz que é um tédio, sem muitos acontecimentos a serem cobertos, mas o momento é o mais propício a conversas entre o pessoal da redação.
Os jornalistas num jornal podem ser muito solidários uns com os outros, ao contrário do que podem pensar as pessoas, que os imaginam sempre à procura de notícias de forma egoísta. Mas sempre há aquele que quer as informações só para si. A repórter diz que não se sente frustrada com relação à profissão, mas sim ao órgão em que trabalha, o jornal impresso, por sentir-se muito tolhida.
O trabalho da repórter, quando vai à rua, precisa ser feito em equipe. Cada um na sua função, e todos dependentes entre si. Muitas vezes situações de tensão podem provocar desentendimentos entre colegas, por exemplo, repórteres e fotógrafos, mas é preciso saber lidar com o estresse, pois ali o trabalho de cada pessoa é valioso. Feita a reportagem, voltam com o material para a redação, e vão almoçar tarde.
A conversa que gira no almoço trata de temas como baixa remuneração, relacionamentos com chefes e reclamações sobre redatores, entre outros. A simpatia e os bons relacionamentos são considerados fatores de ascensão dentro do jornal, além da sorte, talvez, de ser escolhido pelo chefe.
Após o almoço, é hora de escrever a matéria e selecionar uma foto. O trabalho é enviado para o redator, que faz mudanças se julgar necessárias, e o a jornada de trabalho da repórter termina.


b) Um dia na TV.
É retratado um dia da vida de uma repórter de televisão aqui, de 27 anos, 4 anos na profissão.
O encontro com a jornalista foi às 12h, e ela já estava de posso de sua pauta: deveria cobrir o fato de maior importância do dia, o julgamento de um rapaz acusado de matar uma jovem de 15 anos.
Saem repórter e equipe para o julgamento, às 13h. No tribunal, ela é quem dá as instruções sobre o material que deseja colher.
A jornalista trabalha também numa rádio, em que é redatora, mas prefere o trabalho na TV, por considerá-lo mais tranqüilo. Mas ela diz também que o repórter de televisão precisa estar duplamente concentrado no trabalho, coordenando a ação dos outros profissionais envolvidos, como cinegrafistas e iluminadores.
A cobertura de um fato como esse julgamento, apesar de ser tarefa árdua, podendo mesmo levar horas ou a noite toda, é sinal de prestígio e status.
Alguns padrões de comportamento são observados nesta categoria do jornalismo. Quando surge alguém importante na ocasião do julgamento, todos eles vão atrás da pessoa para pedir depoimentos. Muitos refutam a imprensa com grande força, mas não evitam serem fotografados ou filmados. Se uma emissora de TV registrou as cenas, todas as outras tem que fazê-lo também.
A repórter acompanhada, juntamente a outros colegas, verifica o local a ser ocupado pela imprensa no julgamento. Cinegrafistas e fotógrafos ficam com posições privilegiadas. Há uma atmosfera amigável entre os colegas de profissão, que trocam informações tranqüilamente. As conversas apresentam opiniões muito parecidas a respeito de temas como plantões nos fins de semana e chefes complicados. É opinião unânime que a ascensão hierárquica no jornal deve se dar por etapas, e a função de repórter seria fundamental.
Iniciado o julgamento, cada profissional põe-se no seu posto e realiza o trabalho solicitado. Grava-se a fita com a repórter falando sobre o fato, e também com a filmagem em off, à qual será anexado o texto preparado pela repórter, na redação. A previsão de término é duas horas da madrugada. Ela e seus companheiros são então substituídos por outra equipe, e voltam para a redação. Lá a repórter assiste à sua reportagem e vai para casa. Ela não costuma ter tempo para outras atividades durante a semana. Em alguns fins de semana sem plantão é possível ter algum lazer.

b) O dia no rádio.
A pessoa acompanhada em seu dia trabalho agora é um jornalista de rádio, 30 anos de idade, 4 de profissão. Trabalha como assessor de imprensa pela manhã, então o encontro se dá às 13h30min, quando começa o serviço no rádio.
Chegando à redação, um grupo discute o problema dos baixos salários da categoria. O jornalista vai em busca da mesma coisa de todos, sua pauta para o dia. Três matérias foram-lhe destinadas, então o dia vai se cansativo.
O repórter diz gostar muito da profissão, mas reclama dos baixos salários, das exigências excessivas que são feitas ao profissional e da falta de tempo. Antes cursava faculdade, que teve de abandonar por causa do tempo. Sai do trabalho apenas em algumas sextas e fins de semana, e quase não vê os filhos. Ter dois empregos vem prejudicando seus relacionamentos pessoais com amigos e família. Os salários são praticamente equivalentes em ambos os empregos, mas o repórter afirma ter maior gosto pela profissão de jornalista do que pela de assessoria, por estar livre do tédio e sempre informado sobre os fatos.
Já na delegacia, para fazer a primeira matéria do dia, o repórter procura ficar a par da situação por meio de seus colegas que chegaram antes. Redige um texto curto e envia para a emissora. Um problema relatado por vários profissionais de rádio é a enorme quantidade de telefones públicos defeituosos, que prejudica o envio de informações. O jornalista precisa ser capaz de escrever textos rapidamente, e constantemente.
Depois de ouvir os intimados, o delegado dá entrevista para a imprensa, e o radiojornalista grava o que ele diz. Depois, decide escrever outro texto, maior, para o noticiário das 18h30min, incluindo as novas informações. Envia texto e gravação da fala do delegado para a redação.
Segue então para a assembléia dos ferroviários, que discutirão sobre uma possível greve, para outra matéria. A segunda pauta ele desistiu de seguir, por falta de tempo. Tem esperanças de que entrem os ferroviários logo num consenso, pois é sexta-feira e ele quer terminar logo o trabalho. Lá, realiza entrevista com o presidente do sindicato, junto de seus colegas de profissão. Com a votação, decidem-se por não entrar em greve e realizar nova assembléia no dia seguinte (em que estará de folga). Anota os dados do local para que outro jornalista possa cobrir a reunião em seu lugar. Volta para a redação e passa as informações e vai para casa descansar.


Capítulo 3

Nos capítulo três e quarto é traçado um perfil do jornalista. No capítulo três a autora traça um perfil do jornalista mais velho, experiente e bem-sucedido. Já no capítulo quatro ela traça um perfil do jornalista novo e iniciante na carreira. Para ela um dos elementos chaves no trabalho de pesquisa foi a formação deste grupo de entrevistados que ainda estão envolvidos na profissão.
No livro é comentado como foi possível entrevistar estes jornalista e que um dos maiores problemas foi a questão do tempo.

Sérgio Augusto Repórter especial da folha, 48 anos, sendo trinta como jornalista. Para este entrevistado ele sempre foi jornalista isso, desde a infância. Sergio teve paixão pela profissão com o cinema e sua visão romântica da carreira, ele passou por vários jornais e diversas ocupações este na folha desde 1981, e não se considera um jornalista típico.
O entrevistado levanta vários pontos sobre a profissão. Para ele, um bom repórter não é necessariamente um bom redator, não acha interessante trabalhar na televisão, não é seduzido pela radio. E acha-se incompatível com as inovações tecnológicas.
Sobre a nova geração de jornalistas sua visão é bastante crítica, para ele um bom jornalista se faz na pratica.Sua vida social há jornalistas mas não são a maioria.
Para Sergio o perfil do jornalista ideal é fundamental gostar da profissão; ter prazer e paixão; adesão; ter talento para escrever; ser bem formado e informado; ser curioso e intransigente com princípios éticos.
Para ele a diferença básica entre a geração velha e a nova sobre a profissão é o deslumbramento que seduz na juventude a fama, sucesso, notoriedade são pontos atraentes no início de carreira o que já não é tão importante para os experientes.
Este jornalista deixa claro o grande envolvimento profissional.

Jânio de Freitas, 58 anos, 37 de jornalismo. Ele nunca sonhou ser jornalista por problemas físico na carreira como piloto tornou-se jornalista e percorreu todas às áreas. Atualmente é colunista e membro do conselho editorial da folha.
Um dos maiores orgulho no longo da sua carreira é ter feito um plano de cargos, salários e funções.
Jânio de Freitas não demonstra grande entusiasmo pela profissão mostra-se cético a respeito. O perfil de um jornalista ideal para ele é: não ter medo de enfrentar dificuldades; independência; objetividade na profissão; uma formação cultura tão boa quanto possível; empenho; humildade.
Quando conversamos com Jânio sobre o jornalismo de hoje ele revela-se cuidadoso, teme fazer generalizações. Para ele os novos jornalistas tem vontade mas estão mal condicionados em técnicas e aprimoramento. E identifica uma diferença entre a sua geração e a nova no habito da leitura. E diz que o que vislumbra ele em termos de carreira é a visão de mundo que um jornalista tem. Ele também enfatiza o termo da adesão.

Zuenir Ventura, 59 anos e 33 de profissão, bem-sucedido. Entrou na profissão meio que por acaso trabalha como professor e já percorreu vários caminhos dentro dela. Hoje garante que não consegue deixar de ser jornalista.
Para ele a profissão está ligada ao prazer, acredita que a profissão melhorou desde que o seu início nela. Ressalta doação que tem de fazer de si mesmo a profissão já que exige muito do profissional e destaca a humildade como um perfil do jornalista ideal em seguida uma visão abrangente de mundo, pratica e adesão nesse ponto ele faz uma comparação do jornalista com o médico.
Assume uma postura crítica em relação a nova geração para ele são individualista, narcisita e muito pragmática. E cita a condição de não haver engajamento prévio do jornalista.

Luís Paulo Horta, 47 anos e 27 de profissão. Não teve uma alta rotatividade na imprensa, mas percorreu os vários setores do jornal.
Olhando os muitos anos de jornalismo, sente-se realizado. Na sua definição de jornalista ideal, este deve ser questionador, ter uma bagagem cultural, hulmidade, adesão e paixão a profissão.
Acha que a profissão tem uma responsabilidade social muito grande e não se considera um jornalista típico.
Acha que a geração de novos jornalistas escreve muito mal. Procurou não ter como jornalista a maioria de seus amigos e encerra a entrevista lembrando o comentário de um informante dizendo que a vida de um jornalista em uma guerra vale muito mais do que a de milhares de militares. Sua morte sempre recebe atenção especial.

Newton Carlos, 62 anos, quarenta de profissão, divide seu tempo entre a folha e a rede bandeirantes. Não se formou em faculdade nenhuma e afirma que é jornalista desde “criancinha”.
Os jornalistas da velha guardam não vêem com bons olhos a televisão. Visão contraria dos jovens jornalistas, para ele a tv exerce forte poder de atração.
Para este jornalista, uma das definições desse profissional é: aquele que pesquisa com afinco e com vontade; competência; projeta-se pelo trabalho. Adesão e paixão.
Newton relembra seus tempos que dormia na mesa da redação e era agredido pelo pessoal do sindicato. Naquela época, ser boêmio era condição da profissão.
Quando compara a geração velha com a nova, acha que agora a competição é maior, mais profissional e se confundem menos com o poder
Para ele, no mercado de trabalho de hoje é importante talento e uma boa rede de relações. Newton encerra a entrevista comentando sobre a “invasão” feminina na imprensa e acredita que elas têm capacidade para ocupar qualquer área do jornalismo.

Cícero Sandroni, 55 anos, 33 de profissão, é o único que chegou a fazer faculdade de jornalismo, mas não terminou. Atualmente é colaborador da tribuna.
Sempre pensou em ser jornalista. Já passou por vários jornais e setores, todas essa experiência o entusiasmou muito.
Para ele, a redação e tudo que envolve a profissão só o jornalista pode entender. O entrevistado não quer qualificar a geração velha com a nova, não as considera nem boas nem ruins, apenas diferentes. Não se desiludiu com a profissão e tem o sonho de fazer com um grupo de jornalistas uma revista ou semanário independente, mas não alternativo.
Cícero Sandroni, define o jornalista ideal um profissional independente, bem informado, bem formado cuturalmente, competente, escrever bem e ter adesão a profissão.
Ele não vê com entusiasmo os jovens jornalistas. Acredita que sofreram um “Paulofrancisação”. Ao comparar o papel do jornalista nos dois períodos, reconhece que antes a ética era menos levada em consideração. Antes todo jornalista tinha emprego público. Hoje , o jornal-empresa exige da maioria dos jornalistas dedicação exclusiva.
Não acha que alguém deve fazer jornalismo só para ganhar a vida, tem de gosta muito da profissão. Ao comentar sobre as mulheres ele também usa o termo “invasão”. E brinca “Se eu tivesse um jornal, nele só colocava mulher”.

Moacyr Werneck de Castro está em jornal desde os dezenove anos. Mais de cinqüenta anos de profissão. O mais velho dos entrevistados. Formou-se em direito, embora afirme que sua vocação sempre foi o jornalismo. Na sua carreira trabalhou em vários jornais e setores.
Para ele, o jornalista ideal é dotado de agudeza, inteligência e da sua vida ao jornal. Cita Samuel Wainer como seu jornalista ideal e na atualidade não encontra um correspondente.
Comenta que hoje tudo mudou, mas não considera a mudança nem pior nem melhor. Considera o jornalista um cientista social. Ao opinar sobre a nova geração, afirmar não ter contato com eles. De modo geral, vê que há uns muitos bons outros muitos ruins.

O grupo dos veteranos

O grupo estudado possui uma identidade comum. Como pode-se observar a respeito do papel da careira em suas vidas, envolvimento profissional, estilo de vida e orgulho da profissão.
As idéias deles do jornalista ideal expressam o papel da prática na formação do profissional aliado a um empenho pessoal e uma visão ética do trabalho.
Para este grupo, os jovens jornalistas têm muito que aprender. O papel social dos jornalistas não foi esquecido pelo grupo. Outro ponto lembrado foi a visão que o jornalista por muito tempo teve de agitador, provocador e de esquerdista. Afirmam a função de questionar da profissão, mas sem cair em radicalismos. Olhar a realidade sem preconceitos.
Há impossibilidade de separar a vida dessas pessoas com o processo histórico seguido por eles é necessário dizer que este grupo não pertence apenas a uma elite do jornalismo, mas a uma elite da sociedade. Para “os eternos jornalistas” a profissão significou um instrumento para o sucesso.

Capítulo 4

Os jovens jornalistas

Neste capítulo será analisado o grupo dos jovens jornalistas. O grupo tem trinta todos na faixa etária de 42 anos e 38 anos que tem de dois a dezesseis anos de profissão. Os entrevistados pertencem a camadas médias urbanas e tem visão de mundo similar entre eles.
Como para os jornalistas veteranos, a profissão é fundamental na vida deste grupo. No grupo estudado todos trabalham no rio, mas nem todos são do rio, eles comentam da dificuldade de exercer a profissão em cidades pequenas. Os jornalistas que vem de outra cidade ressaltam a dificuldade para realizar uma boa reportagem triplicam. Estes jornalistas têm contato com as áreas marginalizadas da vida urbana o que demonstra o risco presente no exercício da profissão. Os informantes consideram que a profissão goza de prestígio social.


Profissão: Jornalista

A profissão é elemento fundamental na vida dos informantes. A maioria tem vínculo afetivo com o trabalho e dificilmente sairia dela. Mas eles reconhecem o baixo salário e a extensa carga horária e o prazer em exercer a profissão. Todos se sentem responsáveis para a sociedade o que é uma característica já destacada pela velha geração. Os novos também concordam com os velhos quando dizem que, só se é jornalista com a prática. O grupo também tem adesão a profissão o que gera um estilo de vida e visão de mundo próprio.
A origem de entrada na profissão no grupo não varia muito, quase todos gostavam de ler e escrever e pensavam em fazer jornalismo. A grande maioria fez faculdade de jornalismo ou comunicação. Nesse grupo poucos entraram por acaso o que é o contrário no grupo dos veteranos. Todos comentam também de como é envolvente a profissão e de como exige adesão de quem a escolhe.
Quando são abordados os problemas da profissão é unânime a questão do baixo salário, todos reclamam da má renumeração. Outro ponto é a extensa carga horária. Quando é tratado sobre o mercado de trabalho, para eles esse ponto que dificulta uma melhoria de salário e das condições de trabalho. Para entrada nele eles consideram importante a competência e relações pessoais o que influencia também na ascensão dentro da carreira.
Quase todos tiveram ajuda no emprego graças as relações pessoais. No grupo cada um tem a sua imagem de jornalista ideal. Mas no geral foi dito o seguinte: ter iniciativa; ser isento e objetivo; adesão à profissão; escrever bem, mas isso não foi considerado primordial; esperto; comunicativo; supervaidoso e boa bagagem cultural. Os entrevistados consideram que vida boêmia também é uma característica e identificação da profissão assim como a maneira de vestir.
Os jornalistas de televisão para os da nova geração estão no topo da hierarquia de prestígio e salário e muitos dos novos jornalistas tem o sonho de ter um bar, considerado a segunda instituição jornalística e também ser dono de um jornal, editora, rádio ou uma empresa da área de comunicação. Essa vontade expressam o desejo de se libertar do esquema empresarial dos grandes jornais e do próprio anonimato.
Uma característica que para os entrevistados diferem a profissão de outras é o sentimento de falso poder que se tem no contato próximo de autoridades e das informações secretas segundo eles isso traz um falsa sensação de poder. O grupo dos novos jornalistas trata o grupo dos velhos com desprezo isso devido o menor número dos últimos nas redações, e da falta de contato entre as duas gerações. A conclusão que temos é que há uma distância real entre essa gerações, e cada vez mais as redações se tornam espaços prioritariamente da juventude.
Outra transformação na redação é a “invasão” das mulheres no local de trabalho. Para muitos, a tendência do jornalismo é ser uma profissão predominantemente feminina. Mas isso não indica facilidade para a as mulheres, já que certas áreas continuam fechadas para elas e continuam a sofrer discriminação.Os entrevistados acham que como o jornalismo esta muito ligado à televisão e à idéia de show isso acaba atraindo as mulheres. Entretanto muitos teceram elogios as mulheres e dizem que elas são mais esforçadas que os homens pelo fato de elas terem de provar que são melhores do que eles.

A Família

Os entrevistados consideram a família muito importante em suas vidas, mas freqüentemente é sacrificada pela profissão. Entre o grupo a maioria é de separados e/ou solteiros sem parceiros segundo eles isso ocorre devido à profissão.
Para eles conciliar trabalho e vida familiar é complicado, as mulheres e mães se queixam ainda mais que os homens dessa conciliação.Quando os entrevistados foram questionados sobre o que fazer em situação de urgência eles não conseguiram dar uma resposta satisfatória. O que se percebe ao discutir a família na vida destes profissionais é que há uma tensão sempre presente entre os dois mundos.Os amigos na vida destes profissionais são considerados uma segunda família, e em certos casos tornam-se mais importantes que os parentes, a maioria destes amigos pertence à área jornalística.

Ética profissional
Para os jovens jornalistas, a ética está ligada à noção da regras determinadas para o exercício da profissão. Mas eles consideram essas regras muito subjetivas e que varia de pessoa para pessoa. Mas mesmo que eles ressaltem a subjetividade da avaliação de uma atitude ética não se pode negar a existência de alguns parâmetros comuns.
Todos enfatizam que o profissional em termos de ética tem limite. Esse limite é imposto na hierarquia do jornal. Para a categoria, a ética é um elemento fundamental para a profissão. O jornalistas comentam sobre a dificuldade de ser ético todo o tempo trabalhando para empresas privadas que têm outros objetivos e éticas, que não são as mesmas dos empregados. Para eles é fundamental mostrar se isento perante os fatos e ter a imagem do leitor sempre presente.Novamente a idéia do jornalista com uma função social.Os entrevistados declaram que seu compromisso é com o jornalismo e, portanto, com a notícia. Isso independente da empresa para a qual se trabalha. O jornalista precisa da ética para não ser impiedoso com pessoas e fatos. Nos depoimentos nota-se um equilíbrio entre o desejo ideal e o confronto com o real.
A questão da fonte ou informante e sua preservação é polêmica.
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COMENTÁRIO ANALíTICO

O livro tem o objetivo de analisar e concluir como é constituída a identidade social do jornalista. A analise dessa identidade do jornalista é feita por diversos metodos.
No capítulo 1 a autora faz um breve comentário sobre a história da imprensa mundial e brasileira. Após esse panorama é exposto o jornal como empresa que de forma organizada busca ter o máximo de rendimento possível. É mostrado ainda neste capítulo como funciona a redação e como é feita a divisão de trabalho nessa área; o dia comum de um jornalista de diário impresso; como esta a situação do mercado de trabalho do jornalista; a importância do tempo para o jornalista. Pelos topicos levantados neste capítulo conclui-se que a autora pretende aqui entender os limites do “mundo dos jornalistas”, analisar como ele funciona no geral e identificar as caracteríticas deste mundo. Acredito que ela compriu o objetivo além de ser um otimo capítulo para introduzir o leitor no mundo dos jornalistas.
O capítulo 2 têm o mesmo objetivo do anterior. A diferença que agora é uma analise mais aprofundada neste mundo dos jornalistas já que é o demonstrado aqui o dia-a-dia das três principais áreas da imprensa o rádio, jornal e televisão. Além de que neste capítulo já é buscado os significados de ser jornalista e o que isso implica na visão de mundo e no estilo de vida do profissional. A autora aqui levanta basicamente a identidade do jornalista mas não explica neste capítulo como ela é constituida.
Os capítulos mais essenciais para analisar como é constituída a identidade do jornalista são o capítulo 3 e 4. No capítulo 3 a autora pesquisa e analisa o grupo dos jornalistas da velha geração que contribuiem de forma significativa para traçar o perfil do jornalista ideal, como é constituida a identidade jornalistica. E como estes profissionais tem a sua visão de mundo. Outro ponto que este grupo deixa claro é à adesão a profissão e orgulho que ele têm dela. O metodo de analise e pesquisa da autora é muito eficiente entrevitando vários jornalistas da velha guarda foi possível traçar um perfil do jornalista e como é constítuida a identidade da profissão. Com o capítulo posteior a autora irá possuir as ferramentas necessárias para conclusão de como é constituída a identidade e visão de mundo do jornalista.
O capítulo 4 a autora pesquisa e analisa o grupo dos jovens jornalistas que contribuiem de forma definitiva para autora concluir como é formada a identidade dos profissionais e o mundo dos jornalistas. Com este capítulo a autora já pode fazer conclusões diante dos dados levantados durante todo livros que será feito no capítulo posterior
No capítulo 5 a autora conclui sua analise sobre a identidade do jornalista ressaltando que sua maior preocupação não era apena descobrir o que leva alguém a ser jornalista mas sim o que define um jornalista além do exercício e prática da própria profissão. Ela conclui sobre a identidade do jornalista com o argumento que esta é construida dentro de um contexto em que diversas áreas da vida social se misturam e se confudem. Para ela essa profissão extrapola os limites do seu exercício. Por fim, a autora faz uma análise por meios de mêtodos antropológica do jornalista, tendo como base os dados coletados em sua pesquisa.
Acredito, que a autora cumpriu o objetivo proposto no início do livro e conseguiu estimular o aluno que esta iniciando o curso de jornalismo ou comunicação a se apaixonar e entender ainda mais essa fascinante profissão que tem o seu próprio mundo “O mundo dos jornalistas”.

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